Grupo reúne 15 mulheres com idades entre 22 e 50 anos
No Brasil a primeira associação fundada em 1927 foi o Moto Club
do Brasil sediado na Rua Ceará no estado do Rio de Janeiro, alguns anos depois,
mais precisamente em 1932 surgiu o Motoclub de Campos.
E talvez seja este o mais antigo MC que se tem notícia no mundo. Lá fora, nesta
época (Década de trinta) estavam surgindo moto clubes com tendência mais rígida
e muitos acontecimentos vieram a expor a imagem do motociclista ao ridículo
principalmente pela imprensa sensacionalista da época que acusava os
motociclistas de arruaceiros, desordeiros e outros superlativos.Mais tarde,
algumas produções de Hollywood serviram para incentivar verdadeiros desordeiros
a criarem motoclubes e formar gangues. Tal
fato fez da Década de 50’, a página negra na história do motociclismo. Mas isso
está mudando, pena que ainda somos confundidos com arruaceiros que aparecem em
encontros fazendo bagunça do tipo estouro de escapamento, borrachão com pneu e
etc.
Mais tarde, já na Década de 60’ as
motocicletas voltaram a
ser tema de Hollywood com Elvis Presley, Roustabout
e Steve McQueen com ‘A Grande Fuga’, uma série de filmes que chegou ao seu
auge com ‘Easy Riders’. Finalmente inicia-se a mudança da imagem
do motociclista com o início da sua fase romântica, que perdurou até o
final da Década de 70’. Este período fixou o motociclista como ícone de
liberdade e resistência ao Sistema. No Brasil, nessa época, surgiu em São Paulo-SP
o Zapata MC (1963) e já no final da Década, no Rio de Janeiro, o Balaios MC
(1969) grupo este que já seguia os novos padrões internacionais e o princípio
de irmandade.
A partir
da Década de 70’ viu-se a implantação de diversos motoclubes pelo mundo, a
maioria já seguindo o princípio de hierarquia e irmandade. No Brasil a
popularização iniciou-se na Década de 90’, quando da liberação da importação
pelo governo do então presidente Collor. O maior MC
brasileiro era OS ABUTRES que perderam o lugar para a irmandade BODES DO
ASFALTO. O maior MC do mundo é HELLS ANGELS MC (EUA
– 1948) Os MCs mais antigos são, no Brasil (talvez no mundo) o Moto Club do
Brasil(1927) e nos EUA são as Motormaids(1940)
M.C. (isso mesmo: um MC de mulheres segundo a AMA- USA).
História dos MCs nos Estados Unidos - E
lá fora, como começou?
Provavelmente (por que não é reconhecido
pela AMA-US) o primeiro moto clube americano (USA) apareceu após a
‘Grande Depressão’ e que se mantém vivo até hoje é o Cook Outlaws M.C. (1936). Esse
grupo era radicado em Cook, cidade de Illinois e mantinha seu território até
Chicago. O Cook Outlaws M.C. tornou-se mais tarde o Chicago Outlaws MC e
hoje é conhecido como Outlaws
Motorcycle Club ou Outlaws MC.
O símbolo dos Outlaws
M.C. era gravado na parte detrás dos coletes e consistia simplesmente no nome
do clube; as vestes e os revestimentos de couro, assim como o escudo e símbolos
de cada facção não existiam nessa época. É interessante notar que de acordo com
o site do Outlaws M.C., o logotipo do moto clube (isto é “Charlie,” um crânio
centrados sobre dois pistões e bielas cruzadas, similares a bandeira do pirata
Jolly Roger) foi influenciado pelo vestuário do filme ‘The Wild One’, estrelado
por Marlon Brando em 1954.
Mas o motoclube mais antigo, segundo a AMA
não é formado por homens, mas por mulheres! Sim,mulheres! O motoclube feminino
chamado Motormaids é o que mantêm o título de moto clube mais antigo (mais de
60 anos) de acordo a American
Motorcyclist Association Club– AMA, (veja a revista AMA) associação que concedeu a carta
patente de motoclube mais antigo já em 1940. As Motormaids M.C. mantiveram uma
identidade singular e uma estrutura hierárquica interna igual desde seu
início. E, pasmem! Ao contrário do que muita gente imagina as Motormaids M.C. são
sim o motoclube (certificado e com carta patente) mais antigo inclusive
que o mundialmente famoso Hells
Angels M.C. que teve origem em 1947 e mais
ainda do que os OUTLAWS MC.
Os Outlaws MC, criados em 1936,
reivindicaram a patente de mais antigo, mas eles realizaram duas
modificações em seu nome no decorrer desse tempo e acabaram por não
conseguirem provar que era o mesmo MC e, por isso, não obteve a carta patente
de mais antigo MC do mundo segundo a AMA americana. Portanto, marmanjos, o
MC mais antigo da América do Norte é formado por mulheres motociclistas. E
nunca mais fale que moto não é coisa de mulher, ok?
A campanha da imprensa americana contra os MCs
Como se formou a imagem ruim dos
motociclistas perante a opinião pública
Muitos atribuem a um filme, mas o fato que
gerou todo esse preconceito contra motociclistas e MCs teve início a
partir de um incidente. Tal fato acabaria definitivamente com a onda e a imagem
dos MCs bonzinhos. O fato aconteceu em Hollister, Califórnia, em 4 de julho de
1947. Esse episódio foi tema de uma distorcida reportagem feita pela Revista
Life onde ela misturou o novo perfil dos motociclistas ao incidente e fez com
que os motoclubes não ligados a AMA ganhassem popularidade.
Naquela época, apenas os membros da AMA
recebiam o certificado de motoclube o que dava permissão de competir em provas
de velocidade. O mundo da competição era um fator determinante para a formação
e difusão dos motoclubes nos EUA. A AMA era responsável pelas regras relativas
aos seus membros, pela segurança nas corridas, bem como pela ‘imagem familiar’
que os eventos necessitavam ter para a venda de ingressos.
Em 4 de julho de 2007, uma falha de
organização dentro da AMA provocou um pequeno incidente em Hollister,
Califórnia e depois dele a imagem dos motociclistas não seria mais a mesma.
Nesse fim de semana, ocorreu o encontro de vários motoclubes, incluindo Pissed
Off Bastards of Bloomington (POBOB) e os Boozefighters Motorcycle Clubs,
todos atraídos pelas corridas anuais que a AMA promovia por todo os EUA. Como
estes eventos eram considerados de primeira linha, uma legião de motociclistas,
membros de moto clubes ou não, se faziam presentes. Naquele dia uma mistura de
álcool e adrenalina resultou em incidentes. Membros de moto clubes e não
membros passaram a competir pelas ruas da cidade, regados a grande quantidade
de cerveja. A confusão produziu pequenos incidentes, entre eles dano ao
patrimônio e atentados ao pudor, mas nada parecido com “um cerco à cidade”,
como a revista Life noticiou.
A dúvida sobre o que realmente aconteceu em
Hollister sempre existirá, pois a maior parte das pessoas que viveram aquele
final de semana já faleceu e por isso a verdade nunca apareça. As reportagens
da época retratam Hollister como uma cidade tipicamente interiorana que foi
abalada pela chegada de ‘motoqueiros arruaceiros’ que fizeram da cidade um
pandemônio, no entanto, há registros de que Hollister já havia recebido outras
corridas de motocicletas, inclusive a própria Gypsy Tour, em 1936. Com isso,
pode-se afirmar que a cidade calma foco das reportagens, também não é
verdadeira. O certo é que anos mais tarde, também em Hollister, por muito
pouco, outra confusão não aconteceu. Em 1997 tentaram comemorar o aniversário
de 50 anos do incidente, mas não deu muito certo, pois, de novo, a cidade não
tinha capacidade de receber milhares de motociclistas.
EUA, 04 de julho de 1947, Hollister,
Califórnia – O dia em que tudo mudou
O
incidente ocorrido em 04 de julho de 1947 em Hollister, Califórnia (USA) pode
ser atribuído a um erro de cobertura de imprensa e a um texto sensacionalista
que tinha como objetivo vender mais jornais (prática da época). De acordo com
relatos, Barney Peterson, um fotógrafo do San Francisco Chronicle, publicou a
foto de um motociclista bêbado equilibrando-se precariamente sobre uma
motocicleta Harley-Davidson, cercado por cascos de cerveja quebrados e
segurando uma cerveja em cada mão com a seguinte manchete: “e assim, a América”
O San Francisco Chronicle exagerou quando,
no artigo, afirmava que “motociclistas realizavam competições em
todas as ruas e entravam com suas motocicletas dentro de bares e
restaurantes”. Para piorar este episódio a revista utilizou
palavras como “terrorismo” e “pandemônio”. Também afirmavam que
as mulheres que acompanhavam os motociclistas eram
qualquer coisa, menos “senhoritas americanas”.
O artigo serviu para insuflar os
ânimos na região e logo apareceram os primeiros desentendimentos que resultaram
até em morte. A revista Life, em 21 de julho de 1947, aproveitando o
momento, publicou um artigo usando a mesma foto do motociclista bêbado com o
seguinte título: “Ele e os seus amigos
aterrorizam a cidade” (Cyclist’s Holiday: He and Friends Terrorize Town). O
artigo afirma que “quatro mil membros de um moto clube eram responsáveis pelo
tumulto.” Mais do que um exagero essa afirmação era uma deslavada mentira, pois
nenhum motoclube havia conseguido juntar, pelo menos a metade desse número,
naquela época.
Bastaram apenas 115 palavras colocadas logo
abaixo de uma imagem gigantesca de um motociclista bêbado para causarem tumulto
por todo país. Alguns autores afirmaram que a AMA liberou para imprensa uma
nota que desmentia a sua participação no evento de Hollister e indicava que 99%
dos motociclistas eram pessoas de bem, cidadãos cumpridores da lei, e que os
clubes de motociclistas da AMA não estiveram envolvidos na baderna. Porém a
Associação Americana do Motociclista não tem nenhum registro de tal
nota. A revista Life publicou o comentário de pelo menos de três
pessoas, uma delas era Paul Brokaw, um proeminente editor de um periódico
chamado Motorcyclist. Brokaw ‘detona’ a Revista Life considerando que a
imagem publicada era totalmente descabida e mentirosa.
A íntegra da carta do editor à LIFE
Brokaw, em carta ao editor da Life destaca
sua indignação com a forma pela qual o fato fora tratado pela revista:
“Senhores,
As palavras mal servem para expressar meu
choque ao descobrir que o retrato do motociclista foi obviamente preparado e
publicado por um fotógrafo interesseiro e sem escrúpulos.
Nós reconhecemos, lamentavelmente, que houve
uma desordem em Hollister – não ato de 4.000 motociclistas, mas de um por cento
desse número, ajudada por um grupo de não motociclistas apostadores. Nós, de
forma alguma, estamos defendendo os culpados – de fato é necessária uma ação
drástica para evitar o retorno de tais comportamentos.
Entretanto, vocês devem entender que a
apresentação dessa foto macula, inevitavelmente, o caráter de 10.000 homens e
mulheres inocentes, respeitáveis, cumpridores das leis e que são os
representantes verdadeiros de um esporte admirável.”
Paul Brokaw
Editor, Motorcyclist
Los Angeles, Calf.
Editor, Motorcyclist
Los Angeles, Calf.
Enquanto os motociclistas comuns e as
moto-organizações estavam tentando se distanciar do ocorrido em Hollister,
clubes como o Boozefighters buscaram se enquadrar a ele. Assim, o evento de
Hollister de 1947 era o que faltava para a consolidação dos motoclubes não
alinhados a AMA, ou seja, os “Outlaw Motorcycle Clubs”. Vale ressaltar que
estes MCs nunca pertenceram a AMA, logo não foram banidos ou coisa parecida
como alguns informam.
Entre 1948 e princípios dos Anos 60’ os
clubes de motociclistas (não aliados a AMA) se
espalharam para fora da Califórnia estabelecendo um novo capítulo na história
do motociclismo nos Estados Unidos. Outlaws Motorcycle Clubs tais como os Sons
of Silence Motorcycle Club, surgiram no meio oeste, os Bandidos Motorcycle
Club, no Texas; os Pagans Motorcycle Club, na Pennsylvania; entre outros.
Durante este período, vários membros do Pissed Off Bastards of Bloomington
saíram do seu clube e formaram a primeira versão dos Hells Angels Motorcycle
Club (HAMC). No mesmo período, os Boozefighters, um dos Outlaws Motorcycle
Clubs originais, iniciou o declínio no número de membros.
O Vietnam e os “Bebês Assassinos”
O conflito do Vietnam (1958-1975) pode ser
visto como um dos fatos mais recentes que contribuíram para o aumento dos
Outlaws Motorcycle Clubs. Se o retorno dos veteranos da 2ª guerra foi um fator
que auxiliou na formação desses motoclubes, o conflito do Vietnam foi à pólvora
que faltava para explodirem. Veteranos desse conflito eram humilhados pela
população em geral. Chegaram a ser rotulados de “bebês assassinos”. Alguns
receberam cusparadas e xingamentos nos aeroportos e, muitas vezes, foram
recusados em bons empregos, isso após “terem cumprido com o seu dever” para com
o país.
No meio dessa confusão surgem os motoclubes
1%. Eles emergem em uma escala nacional tendo como suporte o surgimento dos
Outlaw Motorcycle Clubs. Para concretizar este nascimento, os clubes dominantes
da época foram além. Observando a declaração atribuída a AMA (de que os
arruaceiros eram apenas 1%), buscaram para si a responsabilidade de fazer parte
daquele 1% que foi apontado em Hollister. Assim, criaram a organização sem
regras explícitas, não alinhada a AMA, ou seja, assumidamente Outlaw Motorcycle
Club e passaram a se identificar por meio de um emblema em forma de
diamante com a inscrição 1%. Concordaram também em estabelecer limites
geográficos ao qual cada MC teria domínio.
Um ponto significativo na evolução dos
motoclubes 1% se evidenciou no verão de 1964 na Califórnia. Nesta época, dois
membros do Oakland Hells Angels Motorcycle Club foram presos e acusados de
terem estuprado duas mulheres em Monterey, no entanto, pouco tempo depois foram
liberados, devido a insuficiência de provas. Esse episódio foi à desculpa que
faltava para que o governo do estado da Califórnia voltasse os olhos para os
outlaw motorcycle clubs. Ainda em 1964, o senador Fred Farr exigiu uma
investigação imediata sobre os estas organizações, encargo que ficou sob a
responsabilidade do general Thomas C. Lynch.
Duas
semanas mais tarde iniciaram-se as investigações. No ano seguinte, o General
Lynch liberou ao público um relatório que esmiuçava as atividades dos outlaw
motorcycle clubs tais como os Hells Angels. O relatório de Lynch pode ser
considerado como a primeira tentativa de se classificar os clubes de
motocicleta como um perigo para a comunidade e para o estado, entretanto, se
resumiu em afirmar que essas organizações possivelmente cometiam crimes como
sedução de jovens inocentes, estupro e pilhagem em pequenas cidades. O
relatório foi largamente contestado, até mesmo dentro das organizações do
estado. A imprensa, no entanto, percebendo que a história dos Outlaw Motorcycle
Clubs vendia bem passou a publicar diuturnamente o lado negativo dessa
organização. Talvez Andrew Syder seja o que melhor esboçou o efeito do
relatório de Lynch. Segundo ele, o relatório moldou o conceito de motoclube na
opinião do cidadão americano de forma negativa. Essa afirmação pode ser
compreendida quando se observa os noticiários da época e ainda os dos tempos
atuais. Nada, ou pouco mudou.
Os motoclubes ainda são a melhor forma de
expressar o motociclismo estradeiro, mas é bom lembrar que todas as corridas
que hoje vemos mundo afora começaram com eventos promovidos pela AMA-USA. Tais
eventos foram os precursores de tudo o que vem a ser o mercado de motos hoje.
Os motoclubes podem até perder o seu pique de crescimento, mas nunca vão perder
o glamour.
Não é demais lembrar que uma das mais
geniais jogadas de marketing da história do motociclismo foi feita pela Honda
quando ela entrava no mercado americano. Honda modificou a forma de se
comercializar motocicletas nos EUA, acabando com o sistema de consignações e
fazendo com que o americano com cara de good
boy trocasse o carro por uma scooter japonesa. Não satisfeito,
Honda obteve as primeiras colocações vendendo motos e carros na terra da Harley
Davidson e de Henry Ford. O anúncio, oportuno para a época, falava que você
encontrava gente bonita numa Honda.
Antes de Honda as oficinas americanas
usavam o sistema de consignação e abriam aos fins de semana. Honda mudou isso
para o modelo que hoje ainda vigora. Mas nunca é demais lembrar que tudo isso
passou a contecer quando alguém decidiu criar um clube de consumidores de motos
e acessórios chamado – motoclube.
Curta o vídeo da apresentação do
Motociclismo Militar Italiano: